Escucho el silencio del tiempo que pasa _ escuto agora o silêncio, me quedo con él y en él, entro en las letras y en los números _ atravesso letras e números, embalo e calo _ las callo y los cuento, busco el prodígio de la relación constante _ afloro o prodígio da relação constante, a assombrosa claridade do silêncio, o encontro transparente da verdade _ el asombro cintilante de la vida ____ SOY pi & phi _


30/4/09
















Ela tem mel nos olhos,

tem o cabelo de mel

e gotínhas de mel na pele.







Ela goteja o mel,

porque o mel nasce nela,

ela é o mel.





29/4/09






Se fecho meus olhos de fora
para que a minha alma te olhe com os de dentro
e tu fazes o mesmo,
corremos o risco de ficar cegos para sempre,
apenas por olhar-nos um ao outro um instante.






































Não voltar a ver a luz em troca de vê-la,
não haver existido nunca como poeta,
nem sequer como o poeta que nunca existiu
e entregar a alma à alma para esquecer as palavras.


Talvez seja essa a única forma de fazer poesia,
a única maneira de ver o amor,
a única morte onde viver eternamente.








22/4/09




















O primeiro que quis de ti
foi essa capacidade de ver
as coisas que não se veem
e que não servem para viver.

O segundo foi o teu sorriso,
porque não te sei sem ele.

O terceiro foram teus olhos,
porque falam,
e escutei neles a uma menina,
e a uma mulher antiga.

O quarto foram teus pés,
retangulares e redondos,
razão e terra,
que te levam com o vento nas costas.

O quinto teus beizos,
que apanham teu sorriso
e dão na minha boca.

O sexto foi teu peito aberto,
que abriu o meu em flor
e me transformou em virgem.

O sétimo foi a tua voz,
que desde o fundo do poço,
foi um sino ecoando.

O oitavo essa determinação tua,
capaz de doer tanto,
de formar-te tanto,
de engrandecer-te e encogerte,
coração em sístole e diástole.

O nono tua raiz,
tua ancoragem à terra
que nem te âncora nem te retém,
mas que é em ti como tu mesma.

O décimo,
o décimo que quis de ti,
ainda não o sei,
mas sei que o quero tanto
como tudo o que quero de ti,
como tudo aquilo que sei que é verdade,
como tudo o que dás-me sem sabê-lo,
sabêndo
ou sem que o saibamos nenhum dos dois.

Não quero ser sem teu olhar,
esse que nos diz aos dois
que viver não é necessário,
que não precisamos de nada,
nem sequer de enumerar o que queremos,
nem de palavras,
nem de versos,
nem de poemas,
quando nos olhamos os dois em silêncio,
um ao outro,
o outro a um,
assim.





















Amanhã,
te vou dar três coisas.
te vou ofertar um livro e uma rosa,
os dois de mentira.

O livro cheio de palavras,
cheio de ecos da natureza,
mímesis do vivido.

A rosa cortada pelo talo,
com gotínhas de água perdida,
chorando seu exílio da terra.

Amanhã,
com o livro e a rosa,
também te darei um beijo
e o sentido te dirá então
em qual das três coisas
vai a minha verdade para ti.





21/4/09








~













em cerimónia que esboço


desfiladeiro te


r

a

s

g

o






[ fot barbara cole, blossom, alterada












Digo la verdad en tu nombre,
sin decir ecos ni reverberaciones,

emoción del espíritu del hombre

y la palabra prediciendo emociones.



Digo la verdad en tu nombre
y callo así la mentira en la palabra,

no hay puerta que tu nombre no abra,

ni en la palabra tu nombre se esconde.















Digo a verdade em teu nome,
sem dizer ecos nem reverberações,

emoção do espírito do homem

e a palavra predizendo emoções.



Digo a verdade em teu nome

e calo assim a mentira na palavra,

não há porta que teu nome não abra,

nem na palavra teu nome se esconde.








20/4/09














Um pé,
mais nada que um pé,
mal um pé,
um só pé,
só um pé,
basta com um pé,
é suficiente um pé,
não faz falta mais que um pé,
só precisso dum pé,
sem pensar em um pé,
acercándome a um pé,
sentindo em um pé.








Tudo em um pé,
em um pé que me caminha.





18/4/09







o teu nome é um eco da minha verdade,
e esse nome é o meu.






17/4/09

Desapareceu a neve,
mas as provas de amor não estám aqui nem poderão estar numca,
procura-ás em outro lugar, como eu tento fazer.
Phi -φ




O desaparecimento da neve está inscrito aqui,
palavras cheias de vazios que,
ocultas e ocas,
esperam ao desgelo para ser mal o que são,
um manto, um véu, um visillo
que substituem as provas de amor



É possível que assim seja a escrita,
o que somente conhecemos
quando a virgindade do papel desaparece
e o pensado se nos amostra nele.



E então o escrito cai sobre nós,
nos cobre ,
achamos que nos abriga,
às vezes que é suficiente,
outras vezes que é primordial
e algumas, inclusive, imprescindível.



Mas não é assim,
não deveria ser assim,
não pode ser assim.



Como a memória é curta,
necessitamos recordatórios
e armazenamos livros,
frases,
poemas,
contos,
literaturas.



O desaparecimento da neve tem que descobrir outra coisa,
porque o escrito, a palavra,
o que sabemos que está aí mas não se vê,
por muito que o digamos,
por muito que o encontremos,
não pode substituir ao amor.



Sim o desgelo não nos deixa livres
para dar provas de amor,
de todo o amor,
do amor por tudo,
o desaparecimento da neve
seguirá sendo uma mentira,
só meteorologias,
seguirá sendo literatura,
só um meio de expressão,
não o silêncio do que sentimos.



Bem,
E agora que?
Sabido isto,
Como o integro em mim,
que para poder dizê-lo,
que para poder senti-lo,
necessito do desaparecimento da neve?



Será des-necessitando,
des-aprendendo,
fazendo o exercício de não pensar,
mas,
Como se fai isso?
Em que forma posso ir-me do que acho que sou,
mesmo que não o seja e em parte o saiba,
para ser aquilo que não sei que sou,
mesmo que o saiba e em parte o seja?
Como se fai para ser não sendo,
como para não ser sendo?



E nisso ando,
nessa profundidade tão honda,
que está tão perto da superfície,
como o está a erva que cobre um floco de neve.





(Sim procuras com o rato acima do começo do texto, descobrirás o que a neve cobre)


16/4/09















Abrir-me o peito com tuas mãos,
abrir-te o peito com as minhas,
desgarrarnos o peito um ao outro,
unir os peitos dos dois
e viver assim até morrer,
eu em teu peito,
tu no meu,
dessangrados em nosso sangue,
quentes e vivos.








Que beleza que as palavras
fossem possíveis em mim!





15/4/09





~



dias-vegetais ][










[[ que a minha vida não passa de



olho-de-
cega-toupeira


no seu labirinto ]]







.

14/4/09







Water No. 3 (Enrique Romero Santana)




Como pode um mar parecer um río,
um algo que só tu és,
e que esta imensidade eterna de água
se reduza unicamente a ti,
que és em mim como um río no mar?


Todos os rios vão ao mar
e tu és todos os rios,
toda a água que levam
e todo o mar que vejo e tenho és tu.















13/4/09












Yo no le puse bandera a mi patria,
ni la llamé de modo alguno,
no la encerré entre límites,
no se la negué a nadie,
no la proclamé en la calle,
ni en la callé al al aire,
no la armé para la defensa,
no la peleé contra ninguno,
no creí en su única lengua,
ni la hablé como único idioma,
no la situé en el mundo,
no la representé ante nadie,
no le dí autoridad,
ni gobierno,
ni justicia.

En realidad,
ni tan siquiera la pensé nunca,
pero mi patria existe,
la tengo,
soy yo y quien conmigo va.





















Eu não lhe pus bandeira a minha pátria,
nem a chamei de modo algum,
não a encerrei entre limites,
não se a neguei a ninguém,
não a proclamei na rua,
nem a calei ao ar,
não a armei para a defesa,
não a briguei contra nenhum,
não acreditei na sua única língua,
nem a falei como único idioma,
não a situei no mundo,
não a representei ante ninguém,
não lhe dí autoridade,
nem governo,
nem justiça.

Na verdade,
nem apenas a pensei numca,
mas minha pátria existe,
a tenho,
sou eu e quem comigo vai.


















Eu não vivo o tempo sem ti,
não ignoro tua existência
e não prescindo do que tu és.





É o tempo o que não existe sem ti,
somente vai passando,
é que tu existas o que lhe dá sentido,
o que provoca que não me ignore
e prescinda de mim para sempre.






Eu não construo nem fortifico
um tempo que me destrói.






Ovo sem pássaro
e pássaro sem asas eu,
é possível,
mais não estas minhas palavras.





12/4/09



~












Conversación con mi tía de noventa y tres años, moribunda en el hospital:
- Me quiero tirar de cabeza.
- ¿A dónde, tía?- Al mar.- ¿Para qué?- Para nadar. Adiós.- ¿A dónde vas, tía?

- A ningún sitio.




- Me quiero tirar de cabeza.



-?

- Al mar.

- ¿

Para nadar. Adiós.

- ¿?

- A nin gún sit io.












[ alteração a partir de texto in
elpoetaquenuncaexistio.blogspot.com/






.

8/4/09







~






água e pedra e água e pedra e perda
( ? como descobrir que o vidago inteiro
se tinha
dissolvido pela calada

no fim da tarde
lugar-vaguíssimo-cruxificado
mudo tão quase como a

estação de almendra


onde

já nem os mortos se avantesmavam
nem as carruagens acidulavam
nem soluçavam
( arrastadas na agonia
líquida fenda de madrugadas

[água--pedra-de-música-ré

ai-pedra--água-de-aresta
olhos ainda a lembrar
murmurar ( ? quase rosnar
voz-letra-metalizada

? há tanto tempo ( ai-fantasmas

( putas-de-festas-de-linhos

lanhos gravados a cruzes
poços-memórias-de-nada

tão lapelas tão bonés ai tal de espada

( pouca-terra-terra-pouca-pouca-terra

quem despia ? quem se erguia se matava











.

6/4/09















Fomos dois cisnes brancos
que fizeram um ninho
à beira da lagoa.



















Poderia morrer como um fantasma,
não haver vivido,
mas ao habitarme,
tu conjuras essa traição à vida.



E estou vivo.

E não morrerei nunca.



















Só os fatos que o tempo entrega,
a flor do espírito,
a raiz da alma,
o talo da vida,
nos dão,
ao abrigo do amor inescusável,
à sombra escura do aprendido,
a claridade suficiente,
a liberdade imprescindível
e a tranqüilidade obrigada
para tentar ser e fazer o escrito.


Porque só desde o alicerce
se constrói a casa
e pretender ser um poeta
com cento setenta e cinco anos
é uma presunção pedante.






3/4/09
















Sim persigo a minha sombra e minha sombra foge,

sim quando eu fujo me persegue minha sombra,

sim nunca nos alcançamos e não somos nenhum sem o outro

Que então?

Que de mim e que da minha sombra?












2/4/09















Não queria dizer-te que tinha perdido o número do teu telemóvel, que ja não o tinha na memória do meu, e com tua voz além da morte, recém chegado da Alemanha de teu transplante de células mae, dizeste meu nome olhando no teu celular:

- Rafa, 619...

Hoje me sinto diante do teu navio, no qual navegamos juntos, no qual me ensinaste a navegar e seu nome me doói como uma traição: CAÍN.

Querido Abel, tú és meu amigo, meu patrão e sinto que navegar é necessário e que viver não o é.

Escuta, Abel, quero levar-te ao mar, quero que sentas a brisa como sempre e o músculo tenso içando as velas, quero devolverte uma parte do que me deste.

Prometo falar-te, amigo, me prometo a mim que sentas a liberdade de estar vivo, antes que um dia chame ao teu número de telemóvel e ninguém me responda.









~











Limito ao Norte comigo
[ il-imitada-mente
ao Oeste, je sais pas
ao Leste com a-noite-cer
e ao Sul com a terra-viva.


A Noroeste,
a Sudoeste,
a Nordeste e Sudeste,
no meio [no-lá-tão-cá
de todos os meus limites
,
sei da corrente [ de-amar-um-rio



Em todas as direcções,
in-finito [ tão frágil como um bébé
in-terminando meu ser,
( sol do meio-dia
equinócios-fases-luas
escuridão e luz


Pontos cardeais,
oco-sentido
telha-gestante
fluxo e ogiva ~






[ alter-ação-sobre-cor-rente








Limito ao Norte comigo,
ao Oeste com o tempo,

ao Leste com as palavras,

e ao Sul com a terra viva.



No Noroeste,

Sudoeste,

Nordeste
e Sudeste,
no meio de todos meus limites,

está o amor.



Em todas direções,

infinito,

determinando meu ser,

meu sol do meio-dia

e nos equinoccios da minha vida,
a luz e a escuridão.


Pontos cardeais,

rumo e deriva.














1/4/09
















As palavras devem ser as pedras que formam as pontes que unem as margens de algum caminho, devem ser um viático para a jornada na qual se precise, devem ser a semente plantada sem esperar o fruto, devem ser necessárias no mínimo para seguir viajando.


Quando não são assim, quando se transformam no próprio caminho, quando são o único sustento, quando a esperança da colheita e se transformam na razão da viagem, um deve refletir sobre as palavras fora delas, deve tentar fazer o exercício de sentar-se na margem da vida e sentir um momento o tempo da vida passar diante dele.


Sim não o fez assim, sim se continua como se nada passasse, corre-se o risco de ser fagocitado por elas, de ser arrastado pelo caminho.


Acho que somente devemos adsorber as palavras, não absorvê-las, idealmente.


O que ocorre é que nem sempre é possível, nem sempre se pode escapar da influência que exercem sobre nós aquelas coisas que, em lugar de vir de fora, levamos dentro, nem sempre podemos fugir de nós mesmos para encontrar-nos.


As palavras,

antígeno que forma anticorpos para nossa defesa e contra cuja ação reage especificamente ou vírus de estrutura simples que se reproduz em todas as células vivas de nossa existência.



As palavras,
que podem dar-nos a vida ou quitárnosla e não sabemos quando fazem uma coisa ou outra, sim quando nos levam elas pelo caminho ou quando nós as levamos a elas.



































Há em mim um espaço vazio,

um limbo para minha alma menina,
um pasmo do tempo que vivo,
um lugar que não é este nem sou eu,
cheio daquilo que não tenho,
mas que eu sei que é meu.








Parece inventado,

irreal,
quase não é nem sombra,
mas está aí,
eu o sei,
o sinto,
o noto
e o persigo.




Há em mim um mundo perdido,
que me aguarda e quero encontrar
para poder oferta-lo a ti,
sim é que tu chegasses nele.








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