Escucho el silencio del tiempo que pasa _ escuto agora o silêncio, me quedo con él y en él, entro en las letras y en los números _ atravesso letras e números, embalo e calo _ las callo y los cuento, busco el prodígio de la relación constante _ afloro o prodígio da relação constante, a assombrosa claridade do silêncio, o encontro transparente da verdade _ el asombro cintilante de la vida ____ SOY pi & phi _


31/7/09







~





sal - flor







fina flor de sal marinho, também nata ou coalho de sal

– por ser recolhido à superfície em pequenas partículas

] tal como a nata do leite

a cristalização é feita à superfície

[ o cristal tem a forma de finas palhetas frágeis

o sal é um jardim em riste sobre o abandono,

o sal é o sol nos olhos que choro, fome, sede e

sodade sodade so da de, o sal

é o leito onde espero o outro lado do corpo

] o sal é a estação, o cais
-comboio-fantasma,

farol-de-vul-cão:

sal que derrete é morna sal

que cola é coladera

se dispara é funaná

se o sal ama e dorme é sussurro,

ilha, morabeza, morabe z a



infinidade-areia-carapaça,



m o r a b e z z z á


























E tudo se calou, a verdadeira verdade foi o único som escutado, o sino que chama à missa do corpo e da alma, e comungamos um do outro, condenando o poeta, a poesia e a morte ao inferno de sua eterna mentira.
E nada foi dito, porque nada era preciso, nem o silêncio, e o ar convidou-nos a visitá-lo, e eu sei que assim será.








28/7/09




















Nada disto que aqui vês sustenta-se nas palavras, que não são base, nem alicerce, nem parede, nem teto, que mal são portas ou janelas através das quais pode passar o ar (ou nem isso se as fechas).


Tudo isto que aqui vês, está amparado no que somente tu e eu sabemos, no silêncio das palavras, na voz da alma que fala por nós quando tudo se cala, quando nada deve falar, quando de verdade nos escutamos.

Quando não é assim, tudo se derruba e surgem o poeta, a poesia e a morte,
gritando todos eles suas falsas verdades.









27/7/09



Al final,
siempre escribo el mismo poema,
sea este o aquel.

Siempre nada es igual en esta eterna esperanza
de llegar un día a escribirme de otro modo,
de encontrar un poema distinto a ~ti.




















Ir e voltar,

sobreviver até teu regresso,

aguardar-te ao norte da felicidade,

desfazer o tempo,

deixar de toc-ar o ar para tocar-te,



e esquecer-me de morrer.









23/7/09



















Vou ao teu corpo com cada parte da minha alma com a qual te sinto presente dentro do meu corpo, ao que lhe falta o teu e o meu também, que sem tua alma só é um corpo que me falta e uma alma que te precisa.



Eu não sei sim a minha alma é mais impossível do que teu corpo, ou se tú és a alma do meu corpo, ou se tú és o impossível corpo da minha alma... mas eu vou ao teu corpo, alma do meu, corpo do meu corpo, estranha ilha que me vai enchendo toda a ausência que eu tenho de ti.





























Um dia que eu não soube te ofertei a minha alma,

a única parte de mim que foi minha,
o mais puro que nunca tive.



Mas eu nunca perdi minha alma,
porque nasce a cada dia um pouco,
porque eu sou o mais puro que te dou a cada dia

do que sou e o que tenho.



E nesse presente que queres,
vou inteiro e inteiramente,

por muito que só o escreva,

por muito que me negue o tempo,
o vento, o sol, a terra seca,
teus olhos,
tuas mãos, tua boca
e tudo o que negar-me queira.




Minha alma está em tudo o que sentes
e meu corpo aguarda para senti-lo.













22/7/09


















Tenho sede dum grão de areia,
fome de uma ilha,
do teu corpo margem desnuda do mar,
do meu corpo insular só em ti,
do nosso isolado quente mundo.

















Memória do presente,
tão vivo como este desejo,
tão desejado como este sal que é grão,
ilha,
mar
que adereça o amor das palavras,
e entra na ferida que elas abrem,
que não sei eu mais nada que escrevê-las,
tão longe eu do mar de ti
e tão em mim tu como uma ilha no meio do mar.

















21/7/09









Decolando para o sul,
voando desde meu sul
e viajando em direção ao sul,
meu corpo não poderia ver-te acima.



Mas olho ao céu e passas sobre mim
a tanta altura como a que há
entre teus olhos e minha boca,
porque o céu começa em nossos lábios
e em teus olhos voando sobre mim.


















20/7/09


















Alma que sua meu corposal sem salário,sol partilhado,cristal reflexo.




Suor,
sal,
sol
e nos cristais,
a alma saindo do corpo,
viajando para ti.




Bon voyage ao sal, mon amour.















18/7/09





~







conta-me uma história








conta-me uma história sem teclas
conta-me uma história
de balões e tardes infindáveis
conta-me como era o céu de certa madrugada
como a lua parecia colada - mas não porque
desmaiava lenta numa curva imaginária
conta-me tudo o que não comece por era uma vez
nem acabe em viveram para sempre ou expiraram


uma que acabe o torpor dos dias
a máscara de ferro da armadura sem olhos
o mar esfomeado - alegórico infortúnio
conta-me uma história de fontes e poejo e mãos de fada
ignorando hieronymus, bilal e nós mesmos
,something before destruction
conta-me a história dum floco imenso de vida dum
espanto à solta - sobrevivente de infernos e trevas





















.

17/7/09












Desta ferida minha brotam palavras,
colam-se à roupa que visto
e nela secam.





E deito a roupa,
e lavo este sangue,
e as palavras desaparecem.





Mas a ferida segue aberta
e eu sigo aberto por ela,
desvestindo roupas manchadas,
esperando, também,
ser aberto por uma palavra.











16/7/09




















Le vent nous portera,

the wind will carry us,

o vento levar-nos-à,

el viento nos llevará...




Y permaneceremos en el viento,

sí permanecer es posible cuando algo nos lleva,

como nos lleva la palabra al amor

sin que el amor esté en la palabra.




Permaneceremos en el amor,

en la palabra,

en el viento,

y todo nos llevará a todo lo que somos

y en todo lo que somos iremos.












13/7/09










Nada te daré que no tenga,
nada que no sea tan mío
como lo es lo que siento
cuando te doy lo que tengo.

Nada te daré que no tenga,
ni siquiera una sola palabra sola.





Nada te darei
que não tenha,
nada que não seja tão meu
como o que sinto
quando te dou
o que tenho.

Nada te darei que não tenha,
nem sequer uma palavra .








11/7/09





.








a pre-fixação da danza








El cielo volverá a girar en su azul
Nada me interessa do que será
Aunque que será
Amo a poluição do sangue mais escura
Y la sangre más virgen, la más roja.
Ocorrem-me os gestos todos
A cair da boca
A mexer os pés
Agora
Y los que no se me ocurren,
Vienen a mí para que se me ocurran,
Desde antes o desde después al presente
No dedo mais interior do pé
Danzo una danza absoluta que me viene al alma,
que me remueve los sentidos que tengo
y los que no tengo

com boca s

sem boca
sin boca de la que me caen los gestos,
gestos que no son de la boca que tengo,
pero que de ella caen
cruzando as pedras na sua aparente
imobil-idade
na sua hesitação erosiva e felina
as pedras
yo contemplo,


veo como la duda de lo que se danza
deja de serlo y se convierte
en lo que se danza,
en lo que se dice que se escribe
lentas se dão as pedras a verde-verde
nunca-azul-nunca-rosa-nunca-ser-de
tengo cosas en la cabeza que pierdo al danzar
y las convierto en colores de piedras
con capacidad de ser lentas
ainda cruzamentos


[ especia-rias são as pedras sempre




cruzamentos ainda
] de bukowski a prévert e afins
até whitman é uma pequena pedra
polida in the green-grass-calamus, waiting for godot?
Waiting for His lover?
Y los colores y los sabores de las piedras
Que jamás fueron cantadas ni contadas
Por ninguno de ellos
Porque ninguno de ellos se cruzó en mi,
Solamente en lo que nunca fui
En aquello que permanece olvidado en sus poemas
Alguns dias fugaz-mente pergunto a Platão
do amor platónico


A fé-de-ser


De crer e de querer ] pergunto a nick drake onde se demorou
Entre-tanto
E danço-danço-danço
Os pés viram-se in-variados para o centro das sombras
Onde i-r-respiro
For a lonnnnnnng time
Pêro las respuestas no son lo que quiero escuchar
Porque solo quiero preguntas
que me den la paz de continuar danzando
de seguir preguntando porque la danza es el amor
y porque el amor solo Es si se danza
visto à lupa ] upa-upa
][ gostava das imagens estilizadas de Constantinopla
por isso
por isso embora isso fosse ainda vago
não que só quisesse as perguntas
também não era bem isso
y Constantino huye
y Estambul se convierte en un mundo
y las fronteras entre dos mundos rompen sus cadenas

y el Bósforo llora en un solo mar
y los trigos y las espigas doradas por el sol de la primavera
acompanan al agua a su refugio
y todo es un mar de tierra
un espacio atemporal de la danza y de los cuerpos
donde todo parece posible y realizable
un poema a cuatro manos
a sua impossível possibilidade a
sua ridícula explicabilidade
a-pesar das poesias
e até das poéticas-bestiárias


o mundo gira

em segredo ]
gira-que-gira-a-dor-mece
de-va-ga-ri-nho en-ton-tece
ainda
longas articulações escleróticas
mutações in-ópticas
o mundo entontece comigo-contigo
devagar-i-n-h-o rotativa-mente
em segredo
leva-nos dentro de si a todos
numa parkinsónica-colossal-gravidez
num autismo anacrónico
num conto de Alice aguda-mente
as-sim-as-sim


El cielo volverá a girar en su azul
Nada me interessa do que será
Y nada me interesa ahora la poesía.




























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