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dirigíveis
por um deficit comumente natural
[ na mesma linha em que se trata da maior traição
à alma e à matéria respiratória
tendemos a fixar-nos na hipnose do que nada anda e tudo pára
estranhamente suspiramos o alívio dos maus tratos enviesados
que nos confirmem a direito o familiar auto-desprezo
nunca adentrando a vista um centímetro além do umbigo
nunca parando a face nos olhos do outro a perguntar porquê
se a mudar- porquê -
pelo que
amamos até à morte sem nunca tocar o amor -
o amor são fugas enfidas em rosários
vagamente vagos vagamente alheados cumprimos interiormente nada
comprometidos a fazer da emoção pública sofrimento e poesia
tormento de contracção impossibilidade espera e se possível aplauso -
adiamos os dias até que terminem se acaso encontramos amor
arrancamos a semente - vestimos um monge de prata ensebada
aturdidos caminhamos - pesadamente descentrados por
um futuro imóvel um passado tumular paseando pela tela
o caule do nenúfar - estropiado na base
por inúmeras razões sem razão nenhuma centrifugamos o medo de ser
na trituradora cruxificante dos hábitos - do dever de ao ter que
navalhamos a flor pela base cantando de
fora para dentro - sempre o mesmo hino
em vozes que por fim já não queremos travar -
que nos em-balam envenenadas
arrastando um destino delirante apertado e sibilino
colateral e pegajoso como baba de caracol
convocando em permanência o fado leitoso - agonia primordial
] varinha de condão a contra-nascente - pré-datada e fatal