Foram tempos complicados para mim,
nos quais as minhas palavras,
estranhamente significavam nada que não fosse um discurso,
uma espécie de encargo da minha insatisfação.
nos quais as minhas palavras,
estranhamente significavam nada que não fosse um discurso,
uma espécie de encargo da minha insatisfação.
Mas sempre isso, palavras a rolar sobre si mesmas,
numa transparente mimese de mim mesmo como circulo,
como labirinto impossível de decifrar e de abandonar.
Foram tempos nos quais eu ainda não sabia que precisava de mim,
nos quais os simbolismos, os eufemismos, as metáforas,
todas as figuras da linguagem escrita,
apontavam ao universo do amor que eu sim sabia que precisava.
Naqueles tempos,
o amor não tinha caminhos,
as palavras não eram,
nem respiravam,
nem faziam as suas assas cambalhotas no ar,
nem sequer descolavam de mim,
só precipitavam a um tornado concêntrico e absorvente.
Foram os tempos nos quais as palavras eram palavras.
Hoje, qualquer posse pensar que as minhas palavras só são isso,
mas eu sei que não.
Hoje são os tempos de eu rolar nelas,
numa transparente mimese de mim mesmo rolando em ti,
tu também um labirinto impossível de decifrar e de abandonar.
Hoje são sangue que eu tenho,
respiração que eu respiro,
são eu próprio a precisar do amor,
amor que já precisava,
embora sem saber que precisava de mim nele.
E vou no amor primeiro,
porque e o amor o que me inscreve as palavras no sangue,
e vou nas palavras depois,
porque e nas palavras da minha sangue onde vai o meu amor inscrito.
Hoje,
sendo hoje todo o tempo no que te escrevi palavras,
todos os hojes dos que falo,
não faço catarse nenhuma,
não preciso de qualquer fantasma as voltas,
não preciso de círculos, nem de labirintos
que não sejam os dos teus olhos,
para onde sempre fluíram as minhas palavras de amor
desde o preciso momento em que olhei para eles,
quando vim um pássaro voando pelo chão
e soube que tu ias nele viajando
e eu precisei saber dessa viagem
e partilhar contigo a terra e o céu,
ainda antes de ver teus olhos com os meus.
4 comentarios:
vestidos armários
pedras
pedras
montes de plástico
vales deitados
sereias
hexagonais,
exaustões
pressões
con-fiações
ajuda-me tu
ajudas-me-tu
[ dentro dos nós
fora-de-mim,
a
ar
rumar,
~
Eu ajudo, mas nao so.
rumar ar
rumor
remar
também o vento,
também ele
vem,
não só
mas
também,
*
Publicar un comentario