Monstro minúsculo e latente,
coração tão desgraçado,
grão semeado com a semente
do esquecido e nunca arrumado.
coração tão desgraçado,
grão semeado com a semente
do esquecido e nunca arrumado.
Monstro duma só cabeça,
dragão que vomita sua fé,
com aquela fereza certeza,
de quem acredita naquilo que não vê.
Monstro que esconde a menina
que soltamente pretende dançar,
só escutar ao seu pai cantar
aquela canção tão pequenina.
Monstro obrigada a ser monstro,
a percorrer o seu próprio caminho,
monstro do medo disposto
a fazer um grelhado entrecosto
com um medo tão mesquinho.
Monstro com corpo e nome,
que habitas na alma do tempo,
que reconheces o desconcerto
de ter esquecido aquele vento
que trouxe ate ti o teu homem.
Monstro que merece o perdão
que todo monstro merece,
monstro que no castigo cresce,
e perece na sua solidão.
Monstro isolado e vadio
do mundo e sua mudança,
monstro, a menina dança,
e seu pai no algaravio
faz que a agua do rio
nunca precise vingança.
1 comentario:
todos nos habitam e desabitam
revestindo de novo
e por vezes
o seu corpo
inaugural
acolho-os
: no nariz
ecos de vento
pergaminhos
ramos de giesta
celebrações
excomunhões do gesto
e
poços
poços
poços
*
Publicar un comentario