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havia um homem que amava tanto que não amava nada
o homem ainda nem tinha nascido
e já pensava que amar era dizer pa-lavras
e crer em tudo o que lhe diziam por essa via [
um dia
esgotou as palavras de fuga em linhas cruzadas
] por dentro da boca en-redaram-se lábios e língua
[ e embora por fora continuasse a usá-las e a odiá-las embora
teimosamente as atro-fiasse e obrigasse a
caber na sua forma opaca e cristalizada
] a vida vinha e vinha e o homem não aceitava nem via [
e entrava num pânico apalavrado de carril a en-tortar
levava o pão e levava a carne e a seguir
esfaqueava a mulher a direito como se fosse um
comboio des-norteado
como se o amor fosse uma questão alheia a si
levava o pão e levava a carne e a seguir
esfaqueava a mulher a direito como se fosse um
comboio des-norteado
como se o amor fosse uma questão alheia a si
agregação imaginária de amantes de perfeitas palavras
ou
por vezes refugiava-se numa obediência obrigada a
por vezes refugiava-se numa obediência obrigada a
antigos papéis de com-posição familiar
[ um quadrado pequeno com muros de vidro - também cruzados
onde passava dias a calar
um quadrado contractor entorpecente inconsciente
mas sobretudo provocantemente fechado para fora de si mesmo e
duvidosamente in-tencionado
.
2 comentarios:
ahha!
Ainda nao de tudo, ainda nao.
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