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o vazio enchera as cordas de silêncio, na casa que há muito fora desabitada -
ali se criavam as cegas flores que desfaleciam no desgarrado interior das paredes
permanecendo embora os sinais dos seus gestos
nas raizes secas misturadas no musgo e nos corações por ali acantados - esses que os raros visitantes tinham desenhado enquanto esperavam, de olhos postos no longe do ar.
ali se criavam as cegas flores que desfaleciam no desgarrado interior das paredes
permanecendo embora os sinais dos seus gestos
nas raizes secas misturadas no musgo e nos corações por ali acantados - esses que os raros visitantes tinham desenhado enquanto esperavam, de olhos postos no longe do ar.
de vez em quando a porta abria-se sozinha num recordar entrecortado de sons bebidos num fado de agudos ventos cruzados.
apresentava-se então
apresentava-se então
a casa abandonada -
na sua entrada de veludo claro, o ameno ritual dum fino fio de luz no seu misterioso movimento, como pupila de corvo-marinho a mergulhar.
quando de novo se fechava, sempre devagar, uma pedra de gelo azul sibilava no chão metalizado dos longos dias desertos do planalto: a casa queria de novo ser água e ser fogo.
salpicos da memória como conta-gotas nas veias pétreas da casa, choravam e rolavam sem parar: polares soluços correndo sedentos da lava quente do tempo no claro rosto da parede triangular.
salpicos da memória como conta-gotas nas veias pétreas da casa, choravam e rolavam sem parar: polares soluços correndo sedentos da lava quente do tempo no claro rosto da parede triangular.
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3 comentarios:
A casa desabitada e abandonada?
Nao me parece, nao.
é algo de às vezes, no fundo mais fundo da terra.
há dias em que entro em buracos de terra e ali convivo com os insetos
e não como nem durmo, porque já é o outro lugar a desenhar-se no contacto áspero e ali permaneço, pois sem tempo nem lugar - só terra pura da terra.
https://youtu.be/wAmtLN4PlLU
terra s
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