Tenho uma esperança com nome,
com a cor das cores que não tenho,
cheia de abraços na pele,
tão larga como um río transbordado,
com o comprimento do eco de um sino,
profunda como um poço infinito.
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Tenho uma esperança de vento,
de água natural que brota das pedras,
de nuvens que me chamam no céu,
de madeira de árvore ancorada à terra,
de caminhos que levam a lugares.
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onde minha carne e meu sangue serão [transubstanciadas],
em onde viverá a vida e morrerá a morte.
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Tenho uma esperança de tempo,
de acordar do sonho e deitar-se a sonhar,
de partilhar a idade que tive e a que tenho,
de buscar e encontrar a maneira de mantê-la.
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que me devolve, que me retorna,
que me integra a uma verdade que sempre viveu em mim.
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Tenho uma esperança que não vou perder,
mesmo que seja a esperança o último que se perde.